O modelo de produção hoje adotado pela maioria dos países e que resulta em mudanças climáticas é responsável por diversas entradas em hospitais públicos. Um levantamento feito em sete capitais brasileiras mostrou que cerca de 5% das internações por doenças respiratórias devem-se exclusivamente a poluição. “Essa é a causa de alterações fisiológicas nos pulmões que podem levar a doenças respiratórias, cardiovasculares e câncer de pulmão”, explica Gouveia.
Ele falou sobre o assunto na tarde de segunda-feira, 14 de julho, durante simpósio na 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O encontro é realizado na Universidade de Campinas (Unicamp) e segue até sexta-feira, dia 18. Segundo Gouveia, a mudança climática é difundida muito com base em desastres ambientais. No entanto, o impacto das queimadas – responsáveis em 76% pela emissão de CO² no Brasil – é mais imediato na saúde do que no efeito estufa, pois as fuligens atingem o sistema respiratório rapidamente.
PADRÃO DE CONSUMO - Apesar da gravidade dessas análises, as questões relacionadas à saúde não são levadas em consideração nas políticas de setores estratégicos para a mitigação. “Precisamos trazer a saúde um pouco mais para a formulação dessas políticas. Nas equações de custo das termelétricas não é colocado na conta o impacto do ponto de vista de produção de doenças”, reclama. Estima-se que o custo de cada internação por problemas respiratórios é de US$ 855,00.
“As políticas hoje precisam ser transversais. Não tem como pensar a saúde isoladamente”, reforça a professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Raquel Rigotto, que também participa do encontro. Ela critica o modelo de produção, insustentável, e a falta de medidas que ajudem a frear o consumismo. “É possível reduzir o consumo atual de energia em 30% e aumentar a produção em 20% para potencializar antigas usinas hidrelétricas”, informa. “Não vejo outra saída, senão uma profunda revisão do padrão de consumo e produção”, reitera.
Fonte: UnB Agência

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